quarta-feira, 24 de junho de 2009

A fraternidade é cor de rosa

Como eu em relação à maternidade, Sofia está vivendo intensamente a “fraternidade”. Aliás, foi ela quem começou, no início do ano, a campanha. Todo dia, enfiava uma boneca debaixo da blusa e fazia um bebê nascer, e me disse algumas vezes: “Mãe, sabia que tem um bebê aí na sua barriga? Vai nascer em dezembro...” E passou a dizer eventualmente, como num ato falho, “nosso” pai, em vez de “meu” pai, “nosso” quarto... Nós, que já tínhamos vontade, entendemos o recado e gostamos da ideia. E de onde ela tirou isso? Do desejo de ter um irmãozinho; da idealização; e da conexão espiritual que certamente já tinha com ele - criança é esponjinha, sente e pressente tudo.
Só contamos pra ela com 12 semanas de gravidez, pra não criar expectativa muito cedo - afinal, nove meses para uma criança de 3 anos é um tempo tão incalculável quanto são os R$ 45 milhões da Mega Sena pra mim.
E desde então vamos incluindo o bebê na rotina dela, com calma, pra não criar ansiedade ou ciúme – já começaram as bobagens pra chamar a atenção, dengos do nada, mau humor... Outro dia teve esta: “Mãe, o nosso irmãozinho não vai poder dormir no meu quarto. Senão, ele vai chorar e me acordar...” Ao mesmo tempo, acostumada desde cedo a emprestar ou doar roupas e brinquedos que não usa mais, ela passou a pensar nele: “Ah, este brinquedo podemos guardar pro bebê!”, “Esse cobertor não tá cabendo, meu pé fica de fora; melhor deixar pro nosso irmão...”
Ontem de manhã, fomos buscar o berço no Malu e Miloca, um brechó infantil muito legal no Humaitá (445 da Voluntários). À noite, ao chegar em casa com Marcelo, nem pediu para ligar a TV: “Pai, vamos montar o bercinho?”. Marcelo bem que tentou demovê-la da ideia, depois despistá-la... Mas, às onze da noite, cheguei do trabalho e, assim que abri a porta, ela veio correndo, sorridente: “Mãe, agora que você chegou, pode ajudar a gente a montar o bercinho!”. Fiquei tão comovida que quase aceitei o desafio de armar a traquitana àquela hora da noite, sem lugar pra pôr nem fechado, que dirá aberto - Sofia já disse que precisamos nos mudar, “nossa casa é muito apertada”. Então me controlei e expliquei que, antes de montar o berço, a gente tem que abrir espaço, arrumar um monte de coisas, a começar por aqueles brinquedos ali na sala, e além disso eu precisava comer alguma coisa. Afinal, a caminha dele, por enquanto, é dentro da barriga da mamãe, que precisa estar quentinha... Não por isso. “Então vai comer tudinho, que eu vou arrumando aqui...”

segunda-feira, 22 de junho de 2009

É um chapéu!

Vi com Sofia outro dia “O pequeno príncipe” na versão musical, com Gene Wilder e Bob Fosse. Adorei relembrar que o menino desenhava com esmero uma cobra que devorara um elefante, e, ao mostrar aos adultos, sempre ficava frustrado com a reação: “Ah, sim, é um chapéu”. Fiquei com isso na cabeça depois de levar Sofia para “conhecer” o bebê, na ultrassonografia. Estou entrando na 17ª semana. Da última vez, ao saber que eu ia “ver” o bebê, ela pediu pra ir junto, mas achamos melhor esperar um pouco mais, porque o bebê, ainda minúsculo, estaria pouco “inteligível”, e porque era um exame delicado, o da translucência nucal, que gera certa ansiedade. Desta vez, era tranquilo, e poderíamos saber o sexo do bebê.Combinamos que na próxima ela iria, e explicamos que o bebê apareceria numa televisãozinha em preto e branco, um esqueletinho meio engraçado. Foi o que ela viu. Só não identificou, naquela imagem disforme e fugaz, um bebê de verdade dentro da minha barriga... Empolgados, apontavávamos pra ela a cabeça, os bracinhos, perninhas... ”Olha, filha! Alá o coração batendo, aquela manchinha ali, do lado daquela outra, que é o quê mesmo, doutor? Ah, os pulmõezinhos!” Sofia até que se esforçou no início, mas depois de certo tempo já respondia, quase bocejando: “A-hã...” Por fim, ela se distraiu com a porta do trocador, e me dei por vencida. Tudo bem, o essencial é invisível aos olhos. Ah: é um menino!

PS: Este post também está no Mães em Rede, blog muito legal em que estou colaborando, assim como várias outras mães e pais jornalistas, em estágios diversos da mater-paternidade.

terça-feira, 9 de junho de 2009

O que ela diz por aí

"Hoje não tem raio. É feriado de raio."

"Este mel é de abelha, mas parece de barata."

"... e aí foi comer suspiro, e ele tava suspirando!"

"Ah, é? Então eu vou fugir pro meu planeta!"

"Não acredito... É mermo?"

"Mãe, pode fazer cosquinha à vontade!"

"Alô, moço, manda um galão de água? É aqui na São Clemente (...) bloco 1.
Troco pra R$ 10."

"A gente foi no Castelinho do Flamengo. Mas eu sou Vasco..."

"Eu não vou me borrecer!"

"Cobertor não faz sentido (pra se cobrir). Vou buscar mais travesseiros."

Sofia, 3 anos, 2009.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sofia, uma discovery kid

Marcelo: - Filha, tem que se cobrir à noite, usar o cobertor. Está fazendo frio, é o inverno que está chegando... Você sabe quais são as quatro estações do ano?

Sofia: - Sei sim! Tem no Hi-5: "Norte, Sul, Leste, Oeste"...

Dias depois...: - É, pai, o inverno chegou mermo... Vai nevar à beça hoje, sabia?