sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Desejo de amor e paz

E, quando menos se espera, chega o neném. Cosmo não chegou de fato ainda, mas está no trânsito. Aqui dentro de mim rola uma revolução, física e emocional, certos dias acompanhada de dores nas costas que fazem chorar – devia ter deixado marcadas sessões diárias de acupuntura e shiatsu, agora fico ligando implorando por um encaixe. Encaixe, aliás, é a palavra. Cosmo está se encaixando, razão de toda essa metamorfose. Está chegando a hora, está quase lá. Assim, vou fazendo o possível pra ir driblando o cansaço, o inchaço, os excessos e a falta de tempo pra dar conta das pendências: fazer a bolsa da maternidade, comprar os últimos itens do enxoval, instalar o ar-condicionado, agradecer o carinho dos amigos e pedir desculpas a quem possa ter ofendido. A cada dia que passa, mais pesada a barriga, desejo mais leve a alma. O dia do parto, do nascimento, é um renascimento nosso também, uma oportunidade de redenção, de renovação. Como o Natal, ou o Yom Kipur, o Dia do Perdão. Muita paz.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim..."

"Generosidade é a qualidade mais acentuada quando um mapa combina o signo de Peixes com o ascendente leonino. Você se dá espontaneamente, sem perceber ou mesmo considerar se está recebendo algo em troca. Algumas pessoas podem se irritar, achando que você está se portando de forma ingênua, quando, na verdade, você não liga. Você deseja doar. Uma visão meio "rósea" da vida pode gerar desapontamentos, sobretudo quando você entra em contato com uma face mais dura, realista das coisas. Com a combinação de Peixes com o ascendente leonino, você alterna muito entre submissão e autoridade. Você é uma personalidade que os outros julgam muito difícil de definir: em alguns momentos é dócil e compreende tudo, e em outros pode agir como um leão furioso. O quente e o frio se alternam em sua alma. Você é provavelmente uma pessoa divertida, mas sente muito desejo de agradar, podendo ser vítima desta necessidade. Terá que lidar com a ideia de que não é uma unanimidade, e sempre haverá alguma circunstância em que alguém não gostará de você. Faz parte do desenvolvimento das pessoas de ascendência leonina perceber que elas não são o centro do universo, e que nem sempre receberão aplausos."
Música do dia: "Jorge da Capadócia"

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Coca-Cola salva Branca de Neve

Sofia é exímia contadora de histórias. A primeira que leu pra mim foi a do Ursinho Pooh.
Ela adora interpretar - é a nossa Fernanda (Montenegro)...
Ela conta a história passando o dedo sobre as palavras, mas o que "lê" de fato são as figuras. Como tem ótima memória, cita frases inteiras do livro, que por vezes mescla com trechos mais livres, em que narra com as próprias palavras: "Sabe o que tá escrito aqui? A-fri-ca-nos", me ensinou hoje, sobre "O mundo do trabalho", do Pierre Verger, o livro que trouxe esta semana da escola. (ela sabia que tinha a palavra africanos em algum lugar da capa...)
Outro dia, descobriu com Marcelo um livro de clássicos da Disney em inglês, que o pai passou a ler pra ela, fazendo ao mesmo tempo uma tradução simultânea e uma censura etária. Mas não adianta.
Ela já conhece as histórias "da rua", e faz interferências, cita detalhes,
antecipa o próximo lance da trama...
Estava eu deitada na sala quando a ouvi narrar, lá no quarto:
- Aí, a bruxa tomou um refrigerante e caiu do precipício!

De onde vêm os nomes de bebês?

Dez e meia da noite, saindo do trabalho. Marcelo me liga:
- Amor, sabe onde está o Cosminho?
Ponho a mão na barriga e respondo um espantado "como assim?!?".
- O soninho da Sofia, sumiu. Ela não sabe onde deixou e não quer ir pra cama sem ele.
- Ah, bom! Ela levou ele pra sala hoje, pra almoçar. Deve estar por aí... - respondo rindo, aliviada de não começar um papo cósmico-existencial assim, do nada.
- Beleza, achamos, tava debaixo da almofada do sofá. Beijo.
Pois bem: Cosmo, antes de ser o nome do soninho da Sofia, é o nome do nosso bebê. Uma variante de Cosmos, nome de origem grega que significa harmonia, ordem, o universo. Combina bem com Sofia, que também é grego e significa sabedoria. Sabedoria, harmonia... Auspicioso, né?
O nome apareceu pela primeira vez no meio de um papo sobre Iuri, que era aventado.
- Iuri, que nem o Iuri Gagarin, o cosmonauta soviético, o primeiro a ir ao espaço... - defendeu Marcelo.
- Ah... Se for pra falar de espaço, então vamos pôr... Cosmo, ué! - respondi rindo. (na verdade foi Marcelo quem sugeriu da primeira vez, mas depois achou ousado demais, e eu que defendi. Mas essa versão ele é que teria que contar como foi rs).
O papo acabou ali, no que seria mais um brainstorm improdutivo. Só que o nome "pegou". Pra começar, Marcelo é superfã de sci-fi. Meu bisavô tinha um sítio em Cosmos, perto de Campo Grande, Zona Oeste, onde passei boa parte da infância e que me traz ótimas lembranças. E aí aquele nome começou a nos perseguir. Num almoço, a amiga Lu atende o telefone e ouço: "Tá, Cosmo, combinado então...". Nunca conheci ninguém com esse nome, e fiquei intrigadíssima com a coincidência (na verdade, era a Cosma, a empregada). Procurando um CD na estante, esbarro com "Cosmotron", do Skank. Ulisses lembrou o Cosmo Kramer, de "Seinfield". A Ana me apresentou ao Cosmo, padrinho dos "Padrinhos mágicos", desenho do qual o Gabriel é fã... Ano passado levamos Sofia pra ver "O garoto cósmico", animação brasileira muito bacana. E assim Cosmo passou a ser o nosso garoto cósmico.
Sofia foi decisiva. Cosmo é Cosmo desde que falamos, ainda sem certeza, o nome pra ela. E ela tratou logo de criar intimidade. "Cosminho", como chama o irmão - com quem fala e a quem se refere a toda hora -, é também o nome tardio que deu ao seu travesseirinho de berço, ao qual ela se apegou só agora, depois de quase 4 anos.
Algumas pessoas adoraram o nome. A Narinha curtiu logo de cara. O Mário Guilherme, obstetra, quando comentei que Marcelo achava muito ousado, me incentivou: "Bobagem. É um nome simples, forte. E fala pra ele que na vida a gente tem que ser ousado".
Mas enfrentamos algumas resistências, do simples estranhamento ao pedido, meio brincando, meio sério: "Não façam isso com o menino!". (risos) E um dia Sofia chegou em casa aborrecida, dedurando: "Gente, a vovó não gostou do nome do Cosmo..." (mal-entendido, explicaram depois). Nomes são cíclicos, e estamos apenas reabilitando mais um. Só conhecia uma única Sofia, jornalista, colega querida. Minha avó confessou: pra geração dela, Sofia era nome de macaca...
Meu irmão, Diogo, é um pouco mais velho que a safra que se seguiu a uma novela dos anos 70.
Cosmo é um nome simples que caiu em desuso, como tantos reabilitados recentemente, como Francisco, Joaquim, Heitor, Cecília, Helena, Maria... E viva a diversidade! Quem sabe se, ironia do destino, Maneco não batiza de Cosmo um personagem da novela? (risos)
Mas a verdade é que acredito que os bebês participam ativamente lá de dentro, inclusive na escolha do nome. Penso mesmo que eles é que escolhem. Comigo foi assim, nas duas vezes. Não é acaso o fato de tudo "conspirar" a favor de um nome, e não de outros. Basta deixar o coração aberto para ouvir nosso coração, e o deles.
Bem-vindo, meu filho Cosmo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Orgulho de filho

Acabo de receber mensagem de uma amiga. Ela conta que Antônio, seu filho do meio, de 14 anos, a surpreendeu recentemente com um pedido: "Mãe, me ajuda a gravar meu samba?" Ele fez um samba-enredo pro Salgeiro, letra e melodia. E... Antônio vai concorrer no carnaval de 2010 do Salgueiro. Eu me emocionei de chorar. Com o samba - que é muito bom mesmo - e com a inexorável surpresa de ver os filhos crescerem. Os nossos e os dos outros. Conheci Antônio tamborilando as primeiras palavras. Hoje constatei o que ele é capaz de fazer com elas. Fui, digamos assim, reapresentada a Antônio. E, mesmo aqui de longe, me enchi de orgulho, como se essa corrente começasse em sua mãe e se prolongasse em mim e em outras mães, pais, amigos...
Anos atrás vi na TV, em close, na arquibancada de uma prova de natação, uma mãe se esgoelando até ficar rouca: "Vaaai, Tiaaagoooo!!!". Era a Rose, minha professora de educação física desde a 5ª série, em Volta Redonda, torcendo pro filho, que viria a se tornar o campeão pan-americano Tiago Pereira. Aquele atleta que conquistava então suas primeiras medalhas era a versão acabada do menino quietinho que, lá nos anos 80, se distraía brincando em volta da quadra do Colégio Novo enquanto a mãe dava aula...
Na torcida pelo mais novo sambista da cidade, só posso é me inspirar na Rose e estimular essa corrente, adaptada ao ritmo dos intérpretes de samba: "Vaaaai, Antôôôniooooo!!!!"
Para conferir e torcer, o samba de Antônio Gonzaga é o 15º deste link, do site do Salgueiro.

sábado, 25 de julho de 2009

O que ela diz por aí 2

- Não, vovó, chega, já compramos muitas camisetas.

- Aquele ali é o Castelo do Flamenguinho...

- Mãe, você tive uma grande ideia!

- Vamos levarem a "Sofia" e o "João" pra fazer xixi?

- Lá em casa tem três empregadeiras: a Solange, a Gláucia e a Elisângela.

- Pai, exprime pra mim esse desenho?

Sofia, 3 anos e meio, 2009

Informes-torpedos da vovó

"Tá numa felicidade só. Em estado de férias. Superfaladeira e converdadeira. Depois de umas duas horas ouvindo jornal e futebol, disse:
- Nildo, você sabia que eu estou aqui? Então bota no meu canal..."
24/7/2009

"Sofia ouviu as histórias de João & Maria e Chapeuzinho Vermelho e adorou os jogos de memória, quebra-cabeça e de vestir roupas do DVD da Coleção Disquinho."
24/7/2009

"Tudo bem, foi de leve e já superou. Ela sentou no lugar do Joaquim para dar beijo na Palatinik e ele nem pediu licença, foi logo mordendo. Bjs"
6/7/2009

"Sofia ficou muito linda, um doce. Brincamos a valer. Fez um cocozão, limpou o nariz e botou remédio na boa, jantou bem, comeu sobremesa e já mamou. Só bom humor e alto astral. A manhã foi tranquilinha? Depois conte. Mande duas meias e duas calças compridas, a calça rosa do pijama e a blusa branca Mena GG. Beijocas"
01/07/2009

"Tem duas melecas enormes que a Sofia não quis tirar e fiquei com receio de machucar. Bjs"
1/6/2009

"Ela ficou linda, um doce, e fez um cocô gigantesco e contou que encontrou o Lucas na outra piscina e contou a tragédia do sapato inteirinha e brincou muito e inventou muitas histórias. Bjs"
8/5/2009

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Doar

Eu sou doadora de sangue voluntária. Pelo menos duas vezes por ano - deveria ir mais, a gente pode doar de três em três meses - costumo ir ao Hemocentro (Rua Conde de Irajá, 183, Botafogo) ou a algum outro posto de doação, quando alguém conhecido precisa. E fico enchendo o saco dos amigos pra irem também, vocês bem sabem.
Já faz algum tempo, penso em me cadastrar como doadora de medula óssea. Não dói nada, é só uma amostra de sangue que tiram, para cadastrar sua "configuração" no cadastro nacional de doadores, e esperar que um dia alguém precise exatamente daquele perfil, que seja compatível. Aí sim, depois de uma série de exames complementares, você decide de quer mesmo e faz-se um procedimento para extrair um pouquinho do líquido da sua medula - coisa bem mais simples do que eu imaginava a princípio - não se mutila a medula do doador, estúpida! O nome, doação de medula óssea, é que assusta, na verdade é só um "golinho" dela. Um cuspe.
Bom, digo isso porque nesta sexta e sábado haverá uma campanha de doação de medula óssea no Botafogo Praia Shopping, com o objetivo de aumentar o cadastro de doadores voluntários de medula óssea, iniciativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) junto com Hemorio e parceiros.
"Ao aceitar ser um doador, a pessoa passa por um procedimento rotineiro de coleta de sangue. A doação da medula, que também é um procedimento considerado simples, só é feita se houver compatibilidade entre o doador e algum dos pacientes que aguardam pelo transplante", explica Luis Fernando Bouzas, diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do INCA. Cerca de mil pacientes aguardam por um doador compatível.
Regina Lacerda, do Hemorio, explica que “qualquer pessoa com idade entre 18 e 55 anos, que esteja em bom estado de saúde, pode participar da campanha”. Antes do cadastro, os interessados assistem a um vídeo informativo e podem tirar todas as suas dúvidas.
CAMPANHA “DOE VIDA EM VIDA”: cadastramento de candidatos a doadores de medula óssea.
Dias 10 e 11 de julho, das 12h às 18h, no Botafogo Praia Shopping (Praia de Botafogo, 400)
Mais informações no site do Inca.

Gargameeeel!!!

Ah, os anos 80! Eu era criança e adorava assistir aos Smurfs. Lá, lá, lá-rá, lalá, lá, lá-rá, lá-lá...
Pois ano que vem Os Smurfs vão virar filme, e em 3D! A estreia por aqui está prevista para dezembro de 2010.
O roteiro é de David Stem e David Weiss, dupla de Shrek 2 e 3. Oba, Papai Smurf!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Dicas culturais

Ilana Pogrebinschi, contadora de histórias, convida: "Em julho e agosto estarei no evento que acontece no primeiro domingo de cada mês na Casa de Rui Barbosa.
A instituição oferece atividades voltadas ao público infantil. Sempre com temas distintos, além do jardim e das visitas dramatizadas ao museu, as crianças têm acesso à leitura, música, teatro, diversão com fantoches e brincadeiras coletivas que estimulam a interação social, raciocínio e atividade física".
Começa neste domingo, dia 5, das 15h às 17h, apresentando "Histórias do Oriente" seguida de Oficina de Origami.
Casa de Rui Barbosa, Rua São Clemente, 134, próximo à estação Botafogo do Metrô, no Rio de Janeiro. Tel: 21. 3289-4600. Entrada Franca.

Infelizmente, não poderemos ir neste dia, mas recomendamos!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A fraternidade é cor de rosa

Como eu em relação à maternidade, Sofia está vivendo intensamente a “fraternidade”. Aliás, foi ela quem começou, no início do ano, a campanha. Todo dia, enfiava uma boneca debaixo da blusa e fazia um bebê nascer, e me disse algumas vezes: “Mãe, sabia que tem um bebê aí na sua barriga? Vai nascer em dezembro...” E passou a dizer eventualmente, como num ato falho, “nosso” pai, em vez de “meu” pai, “nosso” quarto... Nós, que já tínhamos vontade, entendemos o recado e gostamos da ideia. E de onde ela tirou isso? Do desejo de ter um irmãozinho; da idealização; e da conexão espiritual que certamente já tinha com ele - criança é esponjinha, sente e pressente tudo.
Só contamos pra ela com 12 semanas de gravidez, pra não criar expectativa muito cedo - afinal, nove meses para uma criança de 3 anos é um tempo tão incalculável quanto são os R$ 45 milhões da Mega Sena pra mim.
E desde então vamos incluindo o bebê na rotina dela, com calma, pra não criar ansiedade ou ciúme – já começaram as bobagens pra chamar a atenção, dengos do nada, mau humor... Outro dia teve esta: “Mãe, o nosso irmãozinho não vai poder dormir no meu quarto. Senão, ele vai chorar e me acordar...” Ao mesmo tempo, acostumada desde cedo a emprestar ou doar roupas e brinquedos que não usa mais, ela passou a pensar nele: “Ah, este brinquedo podemos guardar pro bebê!”, “Esse cobertor não tá cabendo, meu pé fica de fora; melhor deixar pro nosso irmão...”
Ontem de manhã, fomos buscar o berço no Malu e Miloca, um brechó infantil muito legal no Humaitá (445 da Voluntários). À noite, ao chegar em casa com Marcelo, nem pediu para ligar a TV: “Pai, vamos montar o bercinho?”. Marcelo bem que tentou demovê-la da ideia, depois despistá-la... Mas, às onze da noite, cheguei do trabalho e, assim que abri a porta, ela veio correndo, sorridente: “Mãe, agora que você chegou, pode ajudar a gente a montar o bercinho!”. Fiquei tão comovida que quase aceitei o desafio de armar a traquitana àquela hora da noite, sem lugar pra pôr nem fechado, que dirá aberto - Sofia já disse que precisamos nos mudar, “nossa casa é muito apertada”. Então me controlei e expliquei que, antes de montar o berço, a gente tem que abrir espaço, arrumar um monte de coisas, a começar por aqueles brinquedos ali na sala, e além disso eu precisava comer alguma coisa. Afinal, a caminha dele, por enquanto, é dentro da barriga da mamãe, que precisa estar quentinha... Não por isso. “Então vai comer tudinho, que eu vou arrumando aqui...”

segunda-feira, 22 de junho de 2009

É um chapéu!

Vi com Sofia outro dia “O pequeno príncipe” na versão musical, com Gene Wilder e Bob Fosse. Adorei relembrar que o menino desenhava com esmero uma cobra que devorara um elefante, e, ao mostrar aos adultos, sempre ficava frustrado com a reação: “Ah, sim, é um chapéu”. Fiquei com isso na cabeça depois de levar Sofia para “conhecer” o bebê, na ultrassonografia. Estou entrando na 17ª semana. Da última vez, ao saber que eu ia “ver” o bebê, ela pediu pra ir junto, mas achamos melhor esperar um pouco mais, porque o bebê, ainda minúsculo, estaria pouco “inteligível”, e porque era um exame delicado, o da translucência nucal, que gera certa ansiedade. Desta vez, era tranquilo, e poderíamos saber o sexo do bebê.Combinamos que na próxima ela iria, e explicamos que o bebê apareceria numa televisãozinha em preto e branco, um esqueletinho meio engraçado. Foi o que ela viu. Só não identificou, naquela imagem disforme e fugaz, um bebê de verdade dentro da minha barriga... Empolgados, apontavávamos pra ela a cabeça, os bracinhos, perninhas... ”Olha, filha! Alá o coração batendo, aquela manchinha ali, do lado daquela outra, que é o quê mesmo, doutor? Ah, os pulmõezinhos!” Sofia até que se esforçou no início, mas depois de certo tempo já respondia, quase bocejando: “A-hã...” Por fim, ela se distraiu com a porta do trocador, e me dei por vencida. Tudo bem, o essencial é invisível aos olhos. Ah: é um menino!

PS: Este post também está no Mães em Rede, blog muito legal em que estou colaborando, assim como várias outras mães e pais jornalistas, em estágios diversos da mater-paternidade.

terça-feira, 9 de junho de 2009

O que ela diz por aí

"Hoje não tem raio. É feriado de raio."

"Este mel é de abelha, mas parece de barata."

"... e aí foi comer suspiro, e ele tava suspirando!"

"Ah, é? Então eu vou fugir pro meu planeta!"

"Não acredito... É mermo?"

"Mãe, pode fazer cosquinha à vontade!"

"Alô, moço, manda um galão de água? É aqui na São Clemente (...) bloco 1.
Troco pra R$ 10."

"A gente foi no Castelinho do Flamengo. Mas eu sou Vasco..."

"Eu não vou me borrecer!"

"Cobertor não faz sentido (pra se cobrir). Vou buscar mais travesseiros."

Sofia, 3 anos, 2009.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sofia, uma discovery kid

Marcelo: - Filha, tem que se cobrir à noite, usar o cobertor. Está fazendo frio, é o inverno que está chegando... Você sabe quais são as quatro estações do ano?

Sofia: - Sei sim! Tem no Hi-5: "Norte, Sul, Leste, Oeste"...

Dias depois...: - É, pai, o inverno chegou mermo... Vai nevar à beça hoje, sabia?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Tudo vale a pena

ansiedade
azia
atraso
bagunça
batente
beterraba
cabelo branco
calcinha grande
cansaço
celulite
chope sem álcool
ciúme
dívida
discórdia
enjoo
esquecimento
exame
férias adiadas
fome
fibras
gases
hipersensibilidade
hormônios
ioga
insônia
inchaço
juízo
lágrima
medo
meia-calça
milagre
nervos
noite em claro
olheiras
óleo de amêndoa
pé de pata
preguiça
prisão de ventre
quadril
quarto de empregada
resguardo
roupa de elástico
sapato sem salto
sobrepeso
sonolência
sopa
sutiã
táxi
ultra
varizes
xale
xixi
zanga
zelo
zênite

E lá vamos nós de novo: vem aí uma nova vida.
Com todas as letras, estou grávida.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Notícias que ninguém devia ler*


Hoje eu estou triste. E, no meu caso, mergulhar no trabalho não ajuda:
Bebê é arrastado pendurado ao carro em assalto em Alagoas
Professor mata o filho e se mata por não obter a guarda
Bebê é roubado em creche no Paraná para ser vendido
Tartaruga é encontrada morta em praia de Olinda
Brasileira é assassinada pelo namorado na Argentina
Policial mata mulher dentro de boate e se suicida em SP
Chuva deixa 3.531 desabrigados e desalojados em SC
Acusado do envolvimento de Dorothy Stang sai da prisão
* Chamadas do plantão de Nacional do G1. Um alento: os dois bebês estão bem.

Voltei. Postei, o peito ainda apertado, e aí veio a cena em que Björk, a Selma Jezková de "Dançando no escuro", presa numa cela, canta "My favorite things", de "A noviça rebelde":

Raindrops on roses and whiskers on kittens Bright copper kettles and warm woolen mittens Brown paper packages tied up with strings These are a few of my favorite things Cream colored ponies and crisp apple streudels Doorbells and sleigh bells and schnitzel with noodles Wild geese that fly with the moon on their wings These are a few of my favorite things Girls in white dresses with blue satin sashes Snowflakes that stay on my nose and eyelashes Silver white winters that melt into springsThese are a few of my favorite things When the dog bites When the bee stings When I'm feeling sad I simply remember my favorite things And then I don't feel so bad

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Charlie e Lola


Passamos o fim de semana na Serra, em Pedro do Rio - ou na "Serra do Rio", como resume Sofia -, com os amigos Pedro e João, seu filho. Na primeira vez lá Sofia tinha 2 meses e João, 3 anos. Hoje, é ela que tem 3 anos - e ele, 6. São Charlie e Lola. Ela, encantada, ficava atrás dele o tempo todo:
- Joãão! Joã-ão... Mãe, você viu o João?
E João, para sorte de Sofia, tem uma característica raríssima em crianças: é paciente. Superpaciente, aliás. Conduz como um gentleman as disputas de brinquedos e justifica cada atitude, ora protegendo seu território, ora cuidando dela, como uma irmãzinha caçula:
- Sofia, eu cuido dos meus brinquedos, mas quando eu tinha 3 anos, a sua idade, eu quebrava tudo, sabe? Então toma cuidado, tá?
- Ih, agora não pode pegar o barco porque ele faz parte da minha filmagem.
- Sofia, não pode ficar assim grudada na televisão; faz mal. E assim eu não vejo nada.
- Não corre, que você pode escorregar!
Jogaram muito futebol, montaram quebra-cabeças juntos - o dele era Mach 5 do Speed Racer, dificílimo; o dela, um médio, do Cocoricó -, viram desenho (ele já migrou para o Cartoon, mas, bom anfitrião, tolerou um pouquinho de Discovery Kids)...
E assim, com a admiração dela por ele e a gentileza dele com ela, foi um fim de semana perfeito. No fim, se despediram até com beijinho. Lindos.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Confissões

Qual o limite para a falta de limite?
Sofia anda testando o meu. Esta pessoa que mal chegou ao mundo já conhece os mais recônditos porões da minha alma. E, vira e mexe, se dispõe a abrir suas gavetas entulhadas e tortas.
Antes de ser mãe, eu era uma excelente mãe. Achava que jamais gritaria com filhos; bater, então! Eu ria de piada de mães judias e italianas, dramáticas e chantagistas. Balançava a cabeça para quem sai andando e deixa o filho se esgoelando, coitado, no meio do corredor do shopping. Afinal, quem se irrita a este ponto com um filho só pode ser desequilibrado. Ou cruel. Afinal, tratando as crianças com carinho, elas vão ser sempre carinhosas e boazinhas, certo? Nananinanão. E assim me vejo recorrendo a expedientes perversos para conseguir cumprir a mínima rotina doméstica. Um exemplo (considere longas pausas entre as falas):
- Daqui a pouco tá na hora do banho.
- Tá na hora do banho.
- Vamos pro banho?
- Tá, mais um minuto e vamos.
- Então agora vamos pro banho, vamos lá, ajuda a mamãe.
- Banho no três: 1, 2... 3.
- Já pro baaaanhoooo!
Ela, que antes só me ignorava, então dá a entender que estava ouvindo sim, só não estava interessada:
- Não vou. Não quero.
E a hora passando, a margem de segurança para imprevistos idem, e ela continua:
- Não vou! Não quero!
Quando tento conduzi-la civilizadamente, ela escapole aos safanões e pontapés.
É aí que os meus monstros saem da gaveta, ávidos por aquela jugular fofinha.
A mais frequente é o misto de mãe judia com italiana. Vigorosamente, a arrasto pro chuveiro e parto pra seção de culpas:
- Eu não gosto de fazer isso. Mas você está fazendo malcriação e me deixou muito brava. Pra que aborrecer a mamãe? Não é pior assim? Se você ajuda, fica tudo bem. Mas assim não dá certo. Mamãe está muito triste. E pior: atrasada. Agora, não vai mais dar tempo da gente brincar, porque você passou esse tempo todo fazendo malcriação em vez de obedecer.
A essa hora ela, arrependida, pede mil desculpas, chora, me abraça, pede pra me acalmar. Mas eu, coração de pedra, fico intransigente. E as lamúrias continuam:
- Tá, desculpo, mas ainda estou chateada. E você precisa entender que tem que obedecer. Quando a mamãe fala, tem que atender. Combinado? Combinado.
E aí começa tudo de novo, agora pra SAIR do banho. E, quando esgota-se a criatividade e a paciência não dá o ar da graça, apelo para a torneira fria.
Deve haver um jeito menos truculento de fazer um filho ser cooperativo. Alguém me ensina?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Faltou

Lá pelas tantas do almoço de Páscoa, Sofia já brincando com os brindes de dois ovos de chocolate, faz cara de enfado e pergunta, desapontada:
- Mas mãe, e o coelhinho? Cadê o coelhinho?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Se não os temos, como sabê-lo?

Estava agora lendo um post bem legal da Raquel Almeida no Mães em Rede, sobre as mil dúvidas que cercam as mulheres sobre ter ou não um segundo filho. Uma dessas questões é que, quando rola uma certa diferença de idade, não se tem dois irmãos, mas "dois filhos únicos".
Uma leitora, que tem não dois, mas 4 filhos, de todas as idades possíveis, acabou com a discussão:
"Sabe o que acho? Não importa a diferença entre eles. Todos os filhos são únicos."
Arrasou.
Agora só falta se resolver com os outros 999 itens.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Últimos dramas de Sofia

Filha de dramáticos dá nisso:

- Mãe, fala baixinho, que está me dando dor de cabeça...

- Pai, tô com tosse, tem que me levar no doutor...

- Mãe, olha pra mim que eu tô falando com você...

- Ai, tá coçando aqui, passa uma pomadinha?

- Ai, aquele carro buzinou! Feio!

- Ai, tem areia no meu sapato!

- Ai, um mosquito me mordeu!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Moça brava

Numa certa fase da infância, fui chamada de "Mônica", porque tinha um jeito bruto e briguento de resolver conflitos, muitas vezes defendendo meu irmão dos meninos maiores da rua. Sempre tive bons amigos, mas nunca fui muito popular, daquelas com quem todos da turma gostam de estar.

Já nos anos 90, antes de me conhecer, Marcelo me deu outro apelido, só de me ver passar, passo duro e cara fechada, pela redação do JB: era "Moça Brava".

Hoje vejo Sofia, bicuda e bufando, tentando corrigir na marra os erros do mundo, na visão dela. Contrariada, ela se arvora a esbravejar e mesmo a distribuir safanões, inflada de razão.

Terapêutico, como diria a Thereza. Como não me sentir culpada pela herança? E não venham me dizer que "isso é dela, não tem nada a ver comigo". É até uma boa teoria, mas tamanha coincidência não é gratuita, ou é muita ironia.

Fico incomodadíssima:
- Filha, brigar é horrível, conversando é que a gente se entende - é meu mantra.

Penei pra deixar de ser a Moça Brava - ainda que de vez em quando ela escape pela gola da blusa e se revele nas veias saltadas da fronte.

Mas ela não prevalece mais. Prefiro mesmo minha versão light, que tento praticar, praticar, praticar...

Como pregar a doçura, senão a demonstrando?

Ainda bem que Sofia já gosta de ioga, já é um adianto.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O post que pari

Levedura: S. f. 1. Lêvedo (1). 2. Fermento (1 e 2).

Fermento: S. m. 1. Substância capaz de provocar trocas químicas, particularmente fermentação, sem nada ceder de sua própria matéria aos produtos de fermentação. 2. Massa de farinha que azedou e que, misturada a outra massa de pão, determina, nesta, a fermentação. 3. Fig. Germe de paixões, revoluções, etc.

Esta é a proposta e a necessidade que originou este blog.

Ele precisa existir, mesmo que não haja leitores. Sua função é fazer a química, impedir que os ingredientes apodreçam antes de se transformar em outra coisa. Conter o azedume. Extravazar o sentimento. Poupar a análise. Salvar o casamento, a maternidade, a individualidade. O negócio é deixar fluir. Como diria o outro: "Tudo é fluxo, nada é fixo".

E se alguém ainda por cima quiser acompanhar, compartilhar esse bolo de ideias e demências e carinhos e carências vai ser uma delícia.