terça-feira, 7 de abril de 2009

Moça brava

Numa certa fase da infância, fui chamada de "Mônica", porque tinha um jeito bruto e briguento de resolver conflitos, muitas vezes defendendo meu irmão dos meninos maiores da rua. Sempre tive bons amigos, mas nunca fui muito popular, daquelas com quem todos da turma gostam de estar.

Já nos anos 90, antes de me conhecer, Marcelo me deu outro apelido, só de me ver passar, passo duro e cara fechada, pela redação do JB: era "Moça Brava".

Hoje vejo Sofia, bicuda e bufando, tentando corrigir na marra os erros do mundo, na visão dela. Contrariada, ela se arvora a esbravejar e mesmo a distribuir safanões, inflada de razão.

Terapêutico, como diria a Thereza. Como não me sentir culpada pela herança? E não venham me dizer que "isso é dela, não tem nada a ver comigo". É até uma boa teoria, mas tamanha coincidência não é gratuita, ou é muita ironia.

Fico incomodadíssima:
- Filha, brigar é horrível, conversando é que a gente se entende - é meu mantra.

Penei pra deixar de ser a Moça Brava - ainda que de vez em quando ela escape pela gola da blusa e se revele nas veias saltadas da fronte.

Mas ela não prevalece mais. Prefiro mesmo minha versão light, que tento praticar, praticar, praticar...

Como pregar a doçura, senão a demonstrando?

Ainda bem que Sofia já gosta de ioga, já é um adianto.

Um comentário:

  1. Sinto-me, então, privilegiada. Nunca conheci a Moça Brava. Só esbarrei na doçura.

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