quinta-feira, 17 de setembro de 2009

De onde vêm os nomes de bebês?

Dez e meia da noite, saindo do trabalho. Marcelo me liga:
- Amor, sabe onde está o Cosminho?
Ponho a mão na barriga e respondo um espantado "como assim?!?".
- O soninho da Sofia, sumiu. Ela não sabe onde deixou e não quer ir pra cama sem ele.
- Ah, bom! Ela levou ele pra sala hoje, pra almoçar. Deve estar por aí... - respondo rindo, aliviada de não começar um papo cósmico-existencial assim, do nada.
- Beleza, achamos, tava debaixo da almofada do sofá. Beijo.
Pois bem: Cosmo, antes de ser o nome do soninho da Sofia, é o nome do nosso bebê. Uma variante de Cosmos, nome de origem grega que significa harmonia, ordem, o universo. Combina bem com Sofia, que também é grego e significa sabedoria. Sabedoria, harmonia... Auspicioso, né?
O nome apareceu pela primeira vez no meio de um papo sobre Iuri, que era aventado.
- Iuri, que nem o Iuri Gagarin, o cosmonauta soviético, o primeiro a ir ao espaço... - defendeu Marcelo.
- Ah... Se for pra falar de espaço, então vamos pôr... Cosmo, ué! - respondi rindo. (na verdade foi Marcelo quem sugeriu da primeira vez, mas depois achou ousado demais, e eu que defendi. Mas essa versão ele é que teria que contar como foi rs).
O papo acabou ali, no que seria mais um brainstorm improdutivo. Só que o nome "pegou". Pra começar, Marcelo é superfã de sci-fi. Meu bisavô tinha um sítio em Cosmos, perto de Campo Grande, Zona Oeste, onde passei boa parte da infância e que me traz ótimas lembranças. E aí aquele nome começou a nos perseguir. Num almoço, a amiga Lu atende o telefone e ouço: "Tá, Cosmo, combinado então...". Nunca conheci ninguém com esse nome, e fiquei intrigadíssima com a coincidência (na verdade, era a Cosma, a empregada). Procurando um CD na estante, esbarro com "Cosmotron", do Skank. Ulisses lembrou o Cosmo Kramer, de "Seinfield". A Ana me apresentou ao Cosmo, padrinho dos "Padrinhos mágicos", desenho do qual o Gabriel é fã... Ano passado levamos Sofia pra ver "O garoto cósmico", animação brasileira muito bacana. E assim Cosmo passou a ser o nosso garoto cósmico.
Sofia foi decisiva. Cosmo é Cosmo desde que falamos, ainda sem certeza, o nome pra ela. E ela tratou logo de criar intimidade. "Cosminho", como chama o irmão - com quem fala e a quem se refere a toda hora -, é também o nome tardio que deu ao seu travesseirinho de berço, ao qual ela se apegou só agora, depois de quase 4 anos.
Algumas pessoas adoraram o nome. A Narinha curtiu logo de cara. O Mário Guilherme, obstetra, quando comentei que Marcelo achava muito ousado, me incentivou: "Bobagem. É um nome simples, forte. E fala pra ele que na vida a gente tem que ser ousado".
Mas enfrentamos algumas resistências, do simples estranhamento ao pedido, meio brincando, meio sério: "Não façam isso com o menino!". (risos) E um dia Sofia chegou em casa aborrecida, dedurando: "Gente, a vovó não gostou do nome do Cosmo..." (mal-entendido, explicaram depois). Nomes são cíclicos, e estamos apenas reabilitando mais um. Só conhecia uma única Sofia, jornalista, colega querida. Minha avó confessou: pra geração dela, Sofia era nome de macaca...
Meu irmão, Diogo, é um pouco mais velho que a safra que se seguiu a uma novela dos anos 70.
Cosmo é um nome simples que caiu em desuso, como tantos reabilitados recentemente, como Francisco, Joaquim, Heitor, Cecília, Helena, Maria... E viva a diversidade! Quem sabe se, ironia do destino, Maneco não batiza de Cosmo um personagem da novela? (risos)
Mas a verdade é que acredito que os bebês participam ativamente lá de dentro, inclusive na escolha do nome. Penso mesmo que eles é que escolhem. Comigo foi assim, nas duas vezes. Não é acaso o fato de tudo "conspirar" a favor de um nome, e não de outros. Basta deixar o coração aberto para ouvir nosso coração, e o deles.
Bem-vindo, meu filho Cosmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário