sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mil e uma

- Mãe, a Mariana deixou eu ficar com a pulseira dela; quer dizer, deixou eu morar com a pulseira dela; quer dizer, me deu a pulseira dela.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Programa de gente grande

"Eu bebo sim, estou vivendo"...
Não sei quanto a vocês, mas meus fins de semana são pautados pelas crianças, que costumam ter a agenda social bem mais animada que a nossa. Festas de aniversário, programas ao ar livre, peças de teatro, eles são prioridade. Ir a shows é fato raríssimo na minha vida. Por isso, já achava o projeto Sambebê bacana antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente, só pela ideia, simpática e atraente: uma tarde de boa música - de gente grande - no jardim de um casarão do Cosme Velho. Um programa para adultos, mas amigável para as crianças e atendendo a suas particularidades (brinquedinhos, outros bebês, trocador).
A sacada começou com o Cinematerna, projeto bem-bolado e bem-sucedido, que exibe filmes do circuito em sessão exclusiva para mães com bebês. E agora está engatinhando por aí mais uma cria, a festa BabyBoom: Children of the Revolution, matinê alternativa para pais e filhos roqueiros que está indo para a terceira edição na Casa da Matriz, organizada pelo DJ Fábio Maia.
O Sambebê, irmão do meio desses projetos, completou um ano dia 15 de maio (pouco menos que a idade do meu caçula), e comemorou com show de Pedro Miranda. E lá fomos nós dar os parabéns.
Como não sabia direito como era, levei biscoitos, água e uma esteira. Não precisava. Eles vendem cachorro-quente, pipoca e outros itens da gastronomia kids, e na frente do palco tem uma grande lona, com instrumentos de brinquedo, e ainda dá para a gente se espalhar por cadeiras pelo jardim. Estava rolando também um bazar, e dá até para marcar aniversários - uma família comemorou lá com seus convidados, sem atrapalhar o show e vice-versa.Houve dois problemas. Primeiro, estacionar. O Casarão Austregésilo de Atayde fica do lado da estação de trem do Corcovado (em frente à Igreja de São Judas Tadeu e colado à sede do Museu de Arte Naïf, que lamentavelmente fechou as portas por falta de apoio). Então, para evitar o enxame de flanelinhas do caminho do Cristo, paramos bem longe, numa transversal da Rua Cosme Velho, lá embaixo, antes do Colégio São Vicente. Depois, o show começou uma hora além do horário anunciado, e crianças não têm paciência, dispersam. Quando começou, Sofia estava subindo escadas e explorando todos os cantos do quintalzão com uma amiga que encontramos lá, e Cosmo não estava mais a fim de nada.
Mas todos nos divertimos, eu inclusive. Até quando Pedro Miranda - que havia começado com Batuque na Cozinha, de João da Baiana, passeado por Chico Buarque e mais uma porção de bambas - contou que é pai de gêmeos de 1 ano e meio e puxou:  "Quem é que tem um monte de pintinha/ Quem é que tem a crista vermelhinha..." Sim, era a Galinha Pintadinha. E eu cantei junto.
As próximas edições do Sambebê e da BabyBoom estão marcadas para o mesmo dia, domingo agora, 19 de junho. Eu, como sou eclética, vou do samba pro rock. Ainda bem que neste dia não temos festa de aniversário.

Aqui, o link de uma matéria que a Record gravou por lá. Em ordem de entrada, Cosmo, Sofia, Marcelo e Itala fazendo figuração.

SambebêDomingo 19 de junho, com Nina Wirtti
Casarão Austregésilo de Atayde, Rua Cosme Velho, 599
Às 15h. R$ 20 Crianças con menos de 6 anos não pagam BabyBoom: Children of The Revolution
Domingo 19 de junho,
com DJ Edinho

Casa da Matriz, Rua Henrique Novaes, 155, Botafogo
Das 17h às 22h
Pista 1: DJs Fábio Maia e Jorge LZ
Pista 2: DJs Edinho e André PipipiR$ 15 Crianças não pagam
Cinematerna:
Programação no site: http://www.cinematerna.org.br/web/Programacao.aspx

sábado, 28 de maio de 2011

Praga de bruxa

Fui falar mal, dá nisso: ao mudar o visual do blog, de repente não se veem mais os fiéis amigos que me seguiam por aqui. Vcs estão por aí ainda? Espero!
Adoraria também ideias de programas para este domingo dia 29 de maio - 1 ano e meio do Cosmo.
Nada demais, só mesmo ver amigos.
Beijos!

A roubada do Disney on Ice

A ingênua criatura aqui guardava boas lembranças do Hollyday on Ice no Maracanãzinho, e lá foi levar Sofia. Comprou pela internet, com showpass do mastercard, um exercício de fé. E, na semana que começou com a felicidade e o orgulho de ver Paul no Engenhão com rigorosamente tudo dando certo - ida e volta de trem com conforto e simpatia de funcionários e usuários, todos gentis, oferecendo ajuda e agradecendo -, claro que na quarta seria demais esperar um bis.
Chegamos com uma hora de antecedência e mofamos numa fila única inexplicável do lado de fora, com os portões fechados e o enxame de flanelinhas, camelôs vendendo bugigangas e desocupados esperando a hora de dar bote em mães distraídas. Abertos os portões, nova fila para o setor, depois de uma outra fila do showpass, mal sinalizada. Lá dentro, saco de pipoca a R$ 10 e R$ 25, copo d'água a R$ 5 e algodão doce a R$ 20. E o espetáculo em si? Uma enganação, roteiro malajambrado, juntando Mickey com Toy Story, Os Incríveis e uma tal bruxa Malévola, de que Sofia gostou por ter chifres. Um negócio bobo demais pra quem tem a idade boa de curtir um show. Os pequenos dormem ou se aborrecem por não entender ou enxergar; os mais velhos acham legalzinho, mas haja paciência pra duas horas de pasta de amendoim. E o detalhe sórdido: um espetáculo tão típico da nossa cultura popular não poderia deixar de ter o patrocínio do Ministério da Cultura.
Quem mandou...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Agora ninguém segura

Acabou a manha da tecla sap. Tirem revistas e livros suspeitos da vista. Sofia desandou a ler de tudo: rótulos, propagandas, bilhetes, manchetes.

"Mãe, foi esse cara que derrubou as torres gêmeas, né?", perguntou outro dia, vendo a capa do jornal. A gente assistiu ao JN daquela segunda-feira pedindo silêncio, que era importante. E ela parou pra ver alguma coisa junto, assistiu a umas partes.

Outro dia me mostrou no jornal: "Olha, mãe, é o Estreito de Drake!". O terremoto no Japão tinha deslocado a calota polar. Como estão conhecendo a Antárctica, pelo livro das filhas do Amir Klink, tinha visto a notícia na escola.

E Cosmo falou "mã" e "pá", "pé", "não", "bô" (acabou), "bá" (banana), além de "meu". 

Hoje, numa festa, ele bateu altos papos com Ivanir Yazbeck, jornalista e escritor, avô da Alice, por uns 40 minutos.


Orgulho!

PS: Uli e Magda, se Heitor não tá como Sofia, num estalo vai estar. É de repente. E tirem as 'M' do revisteiro, que não quero má influência nem saliência com minha filha!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Lendo o mundo

Ela nos pede pra ler o que diz a "Tia Si" na coluna Sopa de Letras, e pede ajuda pra completar os quadradinhos das cruzadas do Globinho, que ela já faz quase sozinha, cheia de lógica semântica. "Táxi: tá-tá... tê com á. Xi: cse, csi... tácse... Xiiii...!!! Não cabe." "B-R-A-S-I...O? B-R-A-S-I-U? Mãe, como é que se escreve? Com L?! Não acredito!!". E ri: "Bra-sil ", com inconsciente sotaque gaúcho. Rimos muito com as confusões, brincamos com a sonoridade das palavras que, tão parecidas, são escritas de jeito tão diferente, e lá vou eu tentar dar algum sentido ao fato de "calça" ser com cê cedilha e "balsa" , com esse; que o agá, de "Helena", juntando com o cê, faz barulho de xis... Que maravilha, uma delícia, parece pegadinha, ela adora e se diverte, ri gostoso.
E na rua? "Mãe, ali naquela casa está escrito 'centro médico', o que é centro médico?";
"Mãe, a saída é por ali", indica ao ler a placa;
"Que nome engraçado o dessa creche: "Mamãe pô... Pôsso... Mamãe pôsso ri?", lê, rindo. Não, Sofia, é mais ou menos isso; vamos ler de novo? Como naquela brincadeira de "quantos passos": "mamãe, posso ir?"... E lá vai ela.

Já pra ele, tudo é "Ah"... Um renovado encanto pelas coisas que reconhece. Nas fotos, nos livros, na realidade: "Ah...", aponta e suspira. De vez em quando, somos "mã" e "pá", mas só quando ele está com boa vontade pra nos dar esse gostinho. No geral, quem merece o privilégio são as "bó", de todo tipo. Qualquer círculo, em duas ou três dimensões, o fascina. E quando acaba a comida, o banho, a brincadeira, o desenho? "Bô!", ele conclui, conformado. Se a irmã cisma de mostrar como se brinca com o que ele tem na mão e pega dele, reage: "Mê!". O cara é safo. Safo também pra se comunicar, entende tudo o que dizemos, reconhece, aponta ou pega o avião, o girassol, a casa, o dinossauro, o sapato, a ambulância, o pé (que delícia o texto do vô Zuenir sobre Alice descobrindo o próprio umbigo)
... Mas o danadinho, que tudo sabe, quase nada fala. Gláucia, nossa assistente, lembra um ditado lá da terra dela: "Só não fala pra não ter trabalho..." Não é verdade: como ele também é atencioso, eu até exploro - "Filho, pega o controle ali pra mamãe?", "Me dá o jornal?", "Apaga a luz"...

Ela, Sofia, tem 5 anos e está aprendendo a escrever;
ele, Cosmo, tem 1 ano e 4 meses e está aprendendo a falar.
Eu, a mãe deles, estou conhecendo o prazer indescritível e impronunciável dessas descobertas, um momento, tão mágico, tão revolucionário, tão libertador. Vejo uma porta, uma fronteira transposta, um novo horizonte inteiro se abrindo pra cada um dos meus filhos, que estão renascendo, se inserindo socialmente
no mundo, cada vez precisando menos da mãe que alimenta e traduz.

E aí, enquanto crescem os "superpoderes" deles, o meu superpoder ilusório de protegê-los vai ganhando a dimensão do real. E
aquela ficha, de que nossos filhos não são nossos, cai um pouquinho mais. "Crescer dói", aprendi, e sigo aprendendo. Por exemplo, não vai adiantar mais, na hora do noticiário, baixar o som da TV e ligar a tecla sap pra poupá-los das notícias tristes, das violências da vida.